domingo, 9 de novembro de 2008

cuidado com a podridão


Há muito tempo tenho pensado sobre a perecibilidade das coisas. Como cristão e tendo minha vida delineada pela Palavra de Deus, devo olhar para a vida com uma perspectiva coerente com aquilo que Deus diz. Ele nos fala que existem coisas eternas e coisas passageiras e que nós, humanos, somos feitos de matéria perecível e de substância eterna. Por causa dessa duplicidade, o homem deve lidar com o eterno e o passageiro em seu caminhar. Os cristãos, segundo a Bíblia, devem viver de acordo com a eternidade, pois eles têm a vida eterna e sua cidadania celestial é eterna. Não há nada de errado com o perecível, porém o lugar dele é em submissão ao eterno e não de supremacia.


Não é nem preciso falar sobre a importância das coisas materiais, na verdade, é necessário falar sobre a sua falta de importância. A tendência é darmos mais valor ao material e ao temporário, pois estes agradam ao corpo, ou às sensações. O prazer proporcionado pelo corpo é imediato e, por isso, nós temos a tendência de priorizar esse tipo de prazer. Nós, cristãos, também sentimos prazer nas coisas espirituais e eternas, porém o prazer é diferente. Ele atinge as sensações, porém não as corporais. Seu resultado, na maioria das vezes, é mais sutil, dando assim a impressão de menos prazer. Mas, ao contrário do prazer corporal, que passa rápido e não satisfaz a alma, o prazer espiritual é de longa duração e satisfaz o espírito.


É um pouco difícil caracterizar a perecibilidade da matéria. Claro que me refiro a uma perspectiva diferente da química e biológica. Todos sabem que o prazer do corpo é algo passageiro. Todos sabem que a fome é saciada por um bocado de comida. A sensação de satisfação permanece por um pouco e logo depois a fome vem de novo. Levando isso para outro nível. Todos sabem que o dinheiro, a fama etc. não são prazeres duráveis. A alegria permanece desde que as coisas permaneçam. Mas, pelos milhares de exemplos que conhecemos, sabemos que tudo, tudo mesmo vai passar. Se não passar nesta vida, pelo menos vai passar quando morrermos. Ninguém leva os seus tesouros materias no caixão (até os dentes de ouro ficarão por aqui). Mesmo assim, como é difícil ensinar alguém a deixar de viver em função dessas coisas não é? Ainda mais difícil é ensinar a nós mesmos a não viver assim.


Nessa semana eu li algo muito interessante que me levou a pensar da seguinte maneira. Todos desejam a glória, a fama, o dinheiro e o sucesso de muitas personalidades da História. Por exemplo, como é instigante ler sobre como os reis do Egito eram considerados deuses e como eles estavam cheios de honra. Também é muito invejável lermos sobre o poder e sucesso militar de imperadores da antiguidade. Pessoas tais como Alexandre, o Grande e os Césares romanos. Todos gostariam de ter a fama deles, as riquezas deles, seu poder, suas mulheres etc. Mas vejam bem, ninguém gostaria de ser Faraó no momento em que foi acometido com 10 pragas e morreu no meio do Mar Vermelho como um nada, um grão de areia na imensidão das águas. Ninguém gostaria de ser Alexandre, o Grande quando acometido de diversas doenças e morrendo antes de completar os 33 anos de idade, sem ter alcançado o que queria. Ainda menos, querem ser como Nero que foi perseguido e acabou se matando ou como Cláudio, assassinado por envenenamento. Nenhum deles conseguiu sustentar a sua fama até o fim. Tudo acabou, pois é isso que acontece com o que é perecível. A sua natureza é acabar.


A matéria tem um início, um ápice e um fim. Todos querem o ápice e quando pensam nas coisas materiais, só pensam no ápice. Se esquecem que pra conseguir tudo isso será necessário dar tudo de si. Terão que viver em função do alvo almejado. Mas, pior ainda, se esquecem que depois do ápice haverá um declínio que pode ser tão repentino a ponto de tudo sumir de um dia para o outro. Ainda pior do que isso, se esquecem que quando a matéria não desaparece, ela apodrece e cheira mal. No fim, o que todos têm desejado hoje, é o lixo de amanhã. O que eles tanto querem hoje, é o esgoto de amanhã. O que todos querem para si hoje, é a morte de amanhã.

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