terça-feira, 24 de junho de 2008

Semelhantes a Jesus Cristo

Cada dia eu me supreendo mais com a Palavra de Deus que é a revelação de Sua mente. Me surpeendo alegremente pelo amor e pela compaixão de Deus pelos Seus filhos, ou como às vezes somos chamados, suas ovelhas. Esse amor e essa compaixão vão tão além daquilo que podemos imaginar que fez com que Deus não só nos salvasse, mas também derramasse sobre nós o Teu Espírito para que sejamos cada dia mais parecidos com Jesus Cristo.

Em João 7:37, Jesus fala sobre Ele mesmo como uma fonte de água onde as pessoas podem se achegar para serem saciadas. Até aí nenhuma surpresa, pois sendo Deus e Redentor, somente Ele pode saciar a sede dos pecadores. Mas, logo em seguida no verso 38, Jesus diz que fluirão do interior dos que crerem nEle, rios de água viva. O significado disso fica aparente pelo trecho anterior, ou seja, dos crentes fluirá aquilo que virá a saciar a sede dos pecadores. Para que não haja erro e alguns pensem que isso provêm deles mesmos, João já explica dizendo que isso se refere ao Espírito que viria a ser derramado. Sendo assim, esses rios não fluem de algo que os crentes têm neles mesmos, mas flui do derramar do Espírito sobre eles.

Como pode haver essa comparação? Que grande privilégio é esse de podermos ser comparados com Jesus Cristo. Ele é a água viva e do nosso interior fluem rios de água viva. Em Isaías 32:1-3 é dito que cada um servirá de esconderijo contra o vento, refúgio contra a tempestade, de torrentes de água em lugares secos e de sombra de grande rocha em terra sedenta. Mas, ao mesmo tempo, Jesus é o nosso esconderijo, refúgio, torrente de água e rocha.

Os cristãos são comparados com Jesus Cristo, mas como nos lembra João, somente quando tendo em si o Espírito e indo mais adiante, quando tendo o Espírito, dá lugar ao Espírito e recebe dEle um derramar contínuo de graça.

Eu desejo muito ver cristãos sendo esconderijo, refúgio, fonte de águas vivas e rocha. Nada seria mais eficaz para a conversão do mundo do que ser esse testemunho vivo. Não é dito que esses rios de água viva fluirão da BOCA dos crerem, mas do INTERIOR, do coração, do mais íntimo do ser. Ou seja, não pelo falar, mas pelo viver. Uma linda imagem que se assemelha àquela de Ezequiel 47, onde no verso 12 diz que as folhas das árvores que estão à margem das águas do rio servem de remédio e os frutos de alimento. O saciar, o alimento, a cura está no próprio ser do que crê, assim como o saciar, o alimento e a cura está no próprio ser de Jesus Cristo.

de volta a Belo Horizonte

Depois de duas semanas de recuperação após a cirurgia, é tempo de voltar a trabalhar. Voltamos para BH no domingo e já estamos trabalhando. Por aqui parece que nada mudou, claro que os bebês crescem sem parar e com isso vão se desenvolvendo cada vez mais. O Marcos, que é o mais novinho, já está respondendo muito mais aos estímulos da fala e, por isso, acaba mostrando mais desenvoltura na própria fala. Já o Alejandro tá mais espertinho e é bastante perceptível o desenvolvimento dele.

Agora, só nos restam cinco meses aqui em Belo Horizonte. Com isso, não é nada fácil se entregar totalmente ao trabalho. A gente fica com a cabeça pensando no futuro e planejando algumas coisas. Claro que a gente não se deixa levar por isso e lutamos para nos dedicarmos 100%, não é fácil, mas as meninas e os bebês merecem todo o nosso esforço.

Logo eu enviarei a minha carta de novidades contando mais detalhadamente algumas coisas, se vocês estiverem interessados, esperem mais um pouco e poderam ler tudo na carta. Quanto aos que estão conhecendo o trabalho agora e ainda não recebem a carta, mas gostariam de recebe-la, por favor me informe o seu email na caixa de comentários e assim eu poderei enviar para vocês também.

Até a próxima.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Marchando sem o calçado do evangelho




Passou na rede Bandeirantes, no programa CQC, uma matéria sobre a Marcha para Jesus, onde o repórter fazia algumas perguntas bíblicas para alguns dos participantes daquele evento. As perguntas tinham o intuito de desmoralizar os líderes mais proeminentes desse evento, ou seja, Estevam e Sônia Hernandes.


O que mais me chocou foi que um repórter não cristão, com conhecimento bíblico irrelevante, demonstrou mais conhecimento bíblico do que os participantes de um evento evangélico que tem como proposta mostrar à sociedade os valores cristãos.


Anteriormente o povo não tinha acesso a Bíblia, ela só poderia ser achada nas línguas originais – grego e hebraico – ou em latim. Como se isso não fosse o suficiente, os cultos eram ministrados todos em latim. Na Inglaterra houve um homem que precedeu a Reforma, chamado William Wycliff, que não se conformou com tal absurdo e começou um movimento para traduzir a Bíblia para o inglês. Claro que houve oposição, mas ele realizou o trabalho. Lutero, aproximadamente 150 anos depois de Wycliff também lutou por traduções da Bíblia para a língua materna do povo.
Graças a homens como esses, hoje em dia a Bíblia já foi traduzida para 2.287 (segundo dados de 2002 de UBS World Report). O intuito dos reformadores ao traduzir a Bíblia era para que o povo tivesse acesso à revelação de Deus. Se isso ocorresse, haveria uma possibilidade menor de manipulação do povo por parte do clero. O clero, na época anterior a Reforma, tinha todo o domínio da Bíblia para poder manipulá-la na direção que quisesse.


O direito de se ter a Bíblia em nossa língua foi conquistado há mais ou menos 350 anos com a tradução de João Ferreira de Almeida. Todos os brasileiros têm acesso à Palavra de Deus, mas ao que me parece os evangélicos não tem se utilizado desse grande privilégio. O conhecimento bíblico deles é inferior a de um repórter não cristão. Que diferença tem feito para os evangélicos brasileiros, no que se refere ao conhecimento bíblico, terem à disposição a Bíblia em português? Será que eles têm mais conhecimento bíblico do que os europeus medievais de antes da Reforma que somente tinham a Bíblia em latim e ouviam os cultos em latim?


É por causa dessa falta de conhecimento bíblico que os líderes evangélicos, assim como o clero da Igreja Católica medieval, manipulam o povo como querem. Se eles não têm dado o valor devido à Bíblia, eles têm dado valor ao quê? Se eles não têm ouvido sobre a Palavra de Deus nos cultos, o que eles têm ouvido?


Mais felizes são os chineses perseguidos, que por não terem acesso legal à Bíblia, a valorizam como a coisa mais preciosa que eles podem ter, ou seja, dando a ela o valor que merece.

terça-feira, 10 de junho de 2008

peregrinos com saco de lixo ou com baú?

Havia em Israel uma festa que se chamava Festa das Tendas. Todo o povo se reunia e acampava em tendas, normalmente feitas nos terraços das casas, durante sete dias. Faziam isso para celebrar ou rememorar o tempo de viagem após o êxodo do Egito. O motivo específico dado por Deus a Moisés é para que o povo se lembrasse que naquele tempo Deus fez os hebreus habitarem em tendas. Todos morariam em tendas e não fariam nenhum trabalho servil, é assim que ocorria a Festa das Tendas.

Em toda a Bíblia existe uma grande ênfase dada à peregrinação, isso tanto no AT com relação aos israelitas quanto no NT com relação aos cristãos. Como eu disse acima, essa ênfase é muito bem vista pela Festa das Tendas, e não somente nisso, mas também em toda a história do povo de Israel, começando com Abraão, que nunca teve um território realmente próprio. Já no NT, a gente pode ver isso de diversas formas. Os cristãos primitivos eram chamados de “aqueles do Caminho” ou somente os do “Caminho”. É-nos dito que temos uma cidadania celestial, a nossa casa é a Nova Jerusalém, não somos deste mundo etc. Por esses motivos, esse aspecto de peregrinação sempre foi muito forte na História do Cristianismo. Creio que a época que se vê isso mais claramente é no século 17 com os Puritanos. Isso fica evidente com o nome de um dos clássicos dos livros puritanos, O Peregrino de John Bunyan. Essa enfase não era puramente teórica ou doutrinária, mas muito prática, nos escritos puritanos, é muito claro ver que eles gastavam tempo e se esforçavam na preparação adequada para a morte. Se por acaso houvesse algum cristão com medo da morte, ele nem era tido como digno deste nome. Os mártires do primeiro século e do século 16 são provas reais disto. Eles se alegravam em serem visto como merecedores de morrer pelo nome de Jesus. Isso só lhes era possível porque tinham pleno entendimento de que eram puramente peregrinos neste mundo e que a cidadania deles era do céu.

A peregrinação nunca é algo muito confortável. Para quem está acostumado a viajar muito sabe que é algo desconfortável estar longe de seu verdadeiro lar. Você tem que ceder em várias aspectos, você tem que se viver como alguém que não está realmente adaptado entre diversas coisas. Se é assim para simples viagens temporais, quanto mais quando observamos a nossa peregrinação neste mundo que pode durar 80 anos ou ainda mais. Imaginem só ter que “viver em tendas” durante 80 anos.

Durante essa peregrinação, não podemos nos apegar as coisas que fazem parte desta terra passageira, é necessário se apegar àquilo que faz parte do lugar a que pertencemos, é preciso que tenhamos olhos voltados para as coisas que são do nosso lar. Graças a Deus, Ele não nos deixou totalmente isolados das coisas que pertencem ao céu. Ele permitiu que pudéssemos ter ou “adquirir” coisas eternas, mesmo aqui neste deserto efêmero. Assim como os judeus puderam ter um tabernáculo, os dez mandamentos, o maná etc. Nós também temos a Igreja, a Bíblia, o Espírito Santo e tudo isso nos possibilita desfrutar de coisas eternas e espirituais e ir guardando essas coisas nas nossas bagagens que nos acompanham até que cheguemos no nosso destino final.
Sim, levamos conosco uma bagagem. Podemos ser fracos ou fortes espiritualmente. Existem graus de maturidade no cristianismo e eu vejo isso como uma consequência da bagagem que estamos levando conosco. Essa bagagem é, primordialmente, aquilo que conhecemos e entendemos a respeito de Deus e das coisas espirituais e secundariamente das experiências que temos. As experiências agregam bagagem, mas acima disso, mostra se a bagagem que temos é valiosa ou não. Por meio de experiências podemos saber se temos bagagem o suficiente pra enfrentarmos as dificuldades da peregrinação, se temos mantimento o suficiente, se temos vestimentas suficiente para aguentarmos a sequidão, a fome, a doença etc. Se por acaso tivermos, a experiência irá potencializar a bagagem que já tínhamos e ainda nos dará mais bagagem valiosa.

Numa peregrinação a bagagem pode ser adequada ou não. Vejo que hoje em dia muitos que são “do Caminho” não têm levado a bagagem adequada e nem se preocupam com isso. Na verdade, é muito claro que muitos peregrinos de hoje em dia, que fazem parte da igreja evangélica, nem estão levando uma mala, eles acabam por levar um saco de lixo, daqueles pretos de 100 litros. O que eles têm acumulado como bagagem não é comida e roupa, mas puro lixo que não lhes servirão de nada no momento em que eles precisarem se utilizar deles. Talvez, dê somente para queimar, assim como acontecerá com aqueles a quem Paulo diz que serão salvos como que pelo fogo. Outros levam consigo uma mala tão pequena que se parecem mais com aquelas pequenas mochilas de jogador de futebol que só cabe o meião e a caneleira. É terrível, mas essa é a verdade a respeito dos “novos peregrinos”, a bagagem deles não é suficiente nem para aguentar uma decepção no trabalho, uma doença ou coisas mais insignificantes como o simples fatos de não receberem aquilo (qualquer coisa material que jamais fez parte da Nova Jerusalém, mas que é muito vista na Babilônia) que querem. Para aguentar um martírio, como os cristãos primitivos, para aguentar a perseguição sofrida pelos evangélicos na Inglaterra do século 16, para aguentar mortes súbitas como acontecia na época dos puritanos, onde muitos perdiam esposas, familiares e amigos, é necessário uma bagagem muito adequada. O saco de lixo e a mochilinha de peladeiro não adianta de nada nesses momentos.

O conhecimento de Deus, que leva a confiança nEle, o conhecimento das coisas espirituais que leva a um desvencilhamento das coisas deste mundo são coisa valiosas. Poderia muito bem dizer que o verdadeiro peregrino não tem uma mala, mas sim um baú cheio de riquezas e todo tipo de coisa valiosa que não permitirão que ele passe por qualquer dificuldade nessa vida. Não que ele não irá sofrer dores e perdas, mas ele estará bem preparado para enfrentar tudo isso, pois ele possui riquezas que não fazem parte do deserto, mas que fazem parte de Canãa, não fazem parte da Babilônia, mas fazem parte de Jerusalém, não fazem parte deste mundo, mas sim daquele que ainda está por vir. Preparem suas bagagens!