sexta-feira, 13 de junho de 2008

Marchando sem o calçado do evangelho




Passou na rede Bandeirantes, no programa CQC, uma matéria sobre a Marcha para Jesus, onde o repórter fazia algumas perguntas bíblicas para alguns dos participantes daquele evento. As perguntas tinham o intuito de desmoralizar os líderes mais proeminentes desse evento, ou seja, Estevam e Sônia Hernandes.


O que mais me chocou foi que um repórter não cristão, com conhecimento bíblico irrelevante, demonstrou mais conhecimento bíblico do que os participantes de um evento evangélico que tem como proposta mostrar à sociedade os valores cristãos.


Anteriormente o povo não tinha acesso a Bíblia, ela só poderia ser achada nas línguas originais – grego e hebraico – ou em latim. Como se isso não fosse o suficiente, os cultos eram ministrados todos em latim. Na Inglaterra houve um homem que precedeu a Reforma, chamado William Wycliff, que não se conformou com tal absurdo e começou um movimento para traduzir a Bíblia para o inglês. Claro que houve oposição, mas ele realizou o trabalho. Lutero, aproximadamente 150 anos depois de Wycliff também lutou por traduções da Bíblia para a língua materna do povo.
Graças a homens como esses, hoje em dia a Bíblia já foi traduzida para 2.287 (segundo dados de 2002 de UBS World Report). O intuito dos reformadores ao traduzir a Bíblia era para que o povo tivesse acesso à revelação de Deus. Se isso ocorresse, haveria uma possibilidade menor de manipulação do povo por parte do clero. O clero, na época anterior a Reforma, tinha todo o domínio da Bíblia para poder manipulá-la na direção que quisesse.


O direito de se ter a Bíblia em nossa língua foi conquistado há mais ou menos 350 anos com a tradução de João Ferreira de Almeida. Todos os brasileiros têm acesso à Palavra de Deus, mas ao que me parece os evangélicos não tem se utilizado desse grande privilégio. O conhecimento bíblico deles é inferior a de um repórter não cristão. Que diferença tem feito para os evangélicos brasileiros, no que se refere ao conhecimento bíblico, terem à disposição a Bíblia em português? Será que eles têm mais conhecimento bíblico do que os europeus medievais de antes da Reforma que somente tinham a Bíblia em latim e ouviam os cultos em latim?


É por causa dessa falta de conhecimento bíblico que os líderes evangélicos, assim como o clero da Igreja Católica medieval, manipulam o povo como querem. Se eles não têm dado o valor devido à Bíblia, eles têm dado valor ao quê? Se eles não têm ouvido sobre a Palavra de Deus nos cultos, o que eles têm ouvido?


Mais felizes são os chineses perseguidos, que por não terem acesso legal à Bíblia, a valorizam como a coisa mais preciosa que eles podem ter, ou seja, dando a ela o valor que merece.

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