segunda-feira, 29 de setembro de 2008

casamento, sexo, ajuntamento etc.

Hoje, mais do que nunca, a Igreja tem sido influenciada pelo modo de viver e de pensar do mundo e isso tem afetado muitas crenças básicas do cristianismo. Houve, no começo do século 19 um movimento teológico chamado de liberal (liberal porque não cria que a Bíblia era a palavra de Deus, ou seja, a verdade e dava liberdade de interpretação sem mais estar presos ao princípio de verdade objetiva) que abriu as portas para que isso acontecesse. Por ser um movimento teológico, os primeiros pontos atacados eram de cunho teológico, mas com o passar do tempo, o liberalismo foi influenciando outros aspectos do cristianismo, aspectos do viver diário cristão. Hoje em dia, existe discussão dentro da Igreja sobre questões que os cristãos de séculos passados jamais imaginariam que seriam questionados. Toda a discussão sobre o homossexualismo, aborto, uso de drogas e outras questões, tem sido muito influenciada pela forma de pensar do mundo. Quero chamar a atenção para o que venha a ser a verdade bíblica sobre um assunto muito discutido hoje em dia, que é o casamento.

Diferentemente do que os cristãos sempre pensaram, hoje em dia é bastante aceitável que casais de namorados (vale lembrar que essa coisa de namoro é coisa bem recente) façam sexo antes do casamento. Muitos são os argumentos para que isso aconteça; alguns são totalmente inadequados e outros possuem algum peso para a discussão. Dos piores argumentos, creio que aquele que diz que o casal deve se “experimentar” antes, pois assim vão saber se há uma boa “química” entre eles, é o pior. Dos melhores, talvez o melhor seja aquele que diz que sexo é casamento, pois Paulo diz que aquele que se une com uma prostituta é uma só carne com ela (1 Cor. 6:16); e se é assim, todas as outras coisas (celebração religiosa, exigências governamentais etc.) são invenções das culturas e dispensáveis para que Deus reconheça um casamento.

Escrevo sobre este assunto por dois motivos. Em primeiro lugar porque eu fui enredado e cri que sexo era casamento, de acordo com a explicação dada do texto de 1 Coríntios. Felizmente não cheguei a pecar por causa disso, mas fui enganado. E, em segundo lugar, porque hoje, casado há dois anos, posso ver mais claramente o grande erro que muitos jovens têm acreditado e com isso, têm vivido uma vida de irresponsabilidade e pecado. Será que Paulo estava errado em dizer o que disse? Será que a única exigência para que haja um casamento é o sexo? Será que todo o resto não tem nenhum valor diante de Deus? É com essas questões que lidaremos agora.

Creio que a resposta mais importante nesta discussão é saber o que Paulo quis dizer quando escreveu que o homem que se deita com a prostituta se torna uma só carne com ela. Ali, Paulo está lidando com a licenciosidade dos crentes de Corinto. Muitos estavam vivendo em meio à prostituição achando que aquilo não era pecado. Sendo assim, Paulo esclarece a profundidade que tem a relação sexual, dizendo que o sexo torna as duas pessoas como um só corpo e assim, o cristão estava, através do sexo, fazendo o corpo de Cristo se ajuntar com uma prostituta. Hoje em dia precisamos muito deste ensino, pois muitas pessoas não conseguem ver que o sexo é ato de profunda intimidade e não um ato sem importância. Paulo estava lidando com este problema, sua intenção não era dizer o que o casamento era. Digo isso porque o casamento não é somente se tornar um só carne através do sexo, pois muitos homens são uma só carne com prostitutas, mas ainda assim não estão casados com elas.

Neste mesmo trecho, Paulo fala sobre o cristão como fazendo parte do corpo de Cristo e, diferente das crenças de algumas religiões antigas, onde o sexo era parte integrante do culto para que houvesse a relação com o deus ou deusa, no cristianismo nossa união com Cristo se deu por meio de Seu sangue e é mantida pela nossa comunhão e pelo nosso viver com Ele. Sexo é parte integrante do casamento, mas está longe de ser a única parte. O viver juntos é de grande importância também, tanto é que, no estabelecimento dos princípios do casamento por Deus, é dito que o homem deixará a sua casa e se unirá à sua mulher. Esta união de comunhão é, juntamente com o sexo, um pilar do casamento. Então, com sexo, mas sem união, não há casamento.

E o que podemos dizer daquilo que hoje é feito como cerimonial de casamento (a festa, as assinaturas, os votos, as testemunhas etc.)? É necessário admitir duas cosias aqui. Muitas formas de cerimônia são realmente invenções culturais, mas fique claro que não é a cerimônia em si, mas a forma da cerimônia. E, que muitos cristãos tradicionais enfatizaram e enfatizam pontos não tão importantes do casamento, deixando os jovens receosos sobre o que é realmente exigido por Deus.

É possível haver casamento sem vestido de noiva, bolo, festa para 100 pessoas etc.? Com certeza, mas é preciso ficar claro que algumas coisas que parecem ser desnecessárias, são, na verdade, as mais importantes. Os votos e as testemunhas são essenciais. Em toda a Bíblia, existem indícios de que os votos são importantes em uma cerimônia religiosa (Deut. 12:11); assim, o que é dito, é dito diante de Deus e com testemunhas. Sendo assim, certa cerimônia é exigida. Como ela será feita, não interessa, mas deve ser feita como forma de uma apresentação diante de Deus e isso não pode ser feito somente entre o casal, mas deve envolver a família e testemunhas. Poderíamos até comparar um pouco da cerimônia do batismo que é feita com votos diante de Deus e de testemunhas. O casamento civil também é necessário, pois o casamento é um ato civil com implicações civis e os cristãos devem andar em conformidade com as leis, desde que elas não andem em desacordo com as próprias leis de Deus.

Casamento é um lindo presente que Deus deu aos homens e mulheres, mas infelizmente essa beleza está se perdendo, seja pela freqüente imoralidade e irresponsabilidade, ou por ficar opaco diante de tantos enfeites exorbitantes como num casamento de princesa. Mas, nós cristãos, somos chamados para sermos exemplos e mostrarmos a essência daquilo que Deus estabeleceu como um símbolo da própria união de Cristo com a Sua Igreja (Efésios 5:32) e não para nos adequarmos aos pensamento do mundo.

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